Em seu terceiro mandato de vereador, o médico traumatologista e ortopedista Ovidio Mayer é o mais antigo dos atuais integrantes da bancada de médicos na Câmara de Santa Maria. Reeleito em 2016 com 1.563 votos pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Dr. Ovidio, como é conhecido, começou a carreira política no PP, nas eleições de 2004, quando o Legislativo local tinha 14 cadeiras. Ele é o 20º mais votado entre os 21 parlamentares da atual legislatura.
Após passagem meteórica pelo PMDB (veja entrevista), entrou no PP, concorreu à Câmara e conquistou o primeiro mandato. Nessa primeira legislatura, trocou de partido e foi para o PTB, pelo qual disputou eleições a vice-prefeito e a deputado.
Filho de um policial civil que se tornou veterinário após os 50 anos, e de uma camponesa, como faz questão de frisar, Ovidio nasceu em Santa Maria, quando os pais moravam na Avenida Presidente Vargas, perto da Locomotiva. Mas a família se mudou para o Bairro Patronato, onde ele cursou os primeiros anos de estudo na Escola Municipal Fontoura Ilha.
O Ensino Médio foi concluído no Instituto Estadual de Educação Olavo Bilac. Quando estudante, o passatempo favorito era a leitura.
– Nos anos 60, a Biblioteca Municipal abria à noite. Lá havia jornais, revistas e livros. Era uma época boa e meus pais tinham certeza de que eu ia lá porque havia um livro que a gente assinava na entrada e na saída – relembra Ovídio.
Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Ovidio estudou Química e, depois Medicina, onde se formou em 1983. Por 15 anos, lecionou em cursinhos pré-vestibular. Aos 33 anos, na metade dos anos 80, após servir ao Exército como temporário, o médico foi para a Espanha, onde se especializou em cirurgia ortopédica e traumatológica na Universidade de Navarra, em Pamplona, fronteira com a França. Nos dois anos em que morou na Espanha, o hoje vereador viveu de perto a tensão política e os atentados do ETA, grupo armado que defendia a separação do País Basco da Espanha.
– Ocorriam muitos atentados, mas eles não pegavam a população civil. A gente era orientado a ficar longe de instituições oficiais – recorda o vereador.
Além do Exército, Ovidio trabalhou no Hospital da Brigada Militar e num pronto-socorro de fraturas. Atualmente, trabalha na Policlínica Wilson Aita, no Hospital de Caridade.
Sobre seu futuro político, revela que irá se aposentar da política após encerrar o atual mandato, em 2020.
Um dos projetos de sua autoria é o que determina que empresas de engenharia e arquitetura, responsáveis por obras no município via licitações, contratem seguro de garantia.
COMPOSITOR NATIVISTA
Ovídio conta que jogou futebol amador, como zagueiro central, mas largou o esporte para se dedicar à Fazenda Capão dos Anjos, sua propriedade rural em Banhados, no Distrito de Santa Flora. É lá que ele se dedica à paixão pela música nativista. Todo ano, em junho, a fazenda sedia o festival nativista Banhados em Poesia & Canção.
O vereador compõe letras nativistas e já classificou música no Festival da Unimed da Canção Nativa. Embora ainda sem data definida, pretende gravar CD com letras de sua autoria.
ENTREVISTA
Diário de Santa Maria – Como foi o seu ingresso na política e o que o motivou a trocar de partido?
Ovidio Mayer – Fui estagiário do Farret (médico e ex-prefeito José Haidar Farret), que foi o precursor da medicina comunitária na cidade. Trabalhei com ele pelo menos uns seis anos, e estar junto do Farret, já é um convite (para atuar na política). Aprendi muito com ele, mas não entrei direto no partido dele.
Quando eu trabalhava no Hospital da Brigada Militar (HBM), durante o governo Rigotto (governador Germano Rigotto), recebi um convite do Arnildo Müller (ex-vereador). Fiquei 15 dias no PMDB porque, ao descobrirem minha filiação, meus amigos do PP me convidaram para trocar de sigla. Já cheguei no PP como pré-candidato a vereador. Eu não entendia nada e pensava que um partido político era feito de harmonia. O PP não me orientou, eu não tinha voz. Só fui ver o trauma depois de sair. Já o que me fez ingressar no PTB foi um convite do então senador Sérgio Zambiasi.
Diário – O PTB ajudou a eleger o prefeito Jorge Poz- zobom (PSDB) no segundo turno, mas ao que parece vive em clima de conflito, de permanente cobrança por parte da bancada petebista. Como o senhor vê essa relação?
Ovidio – Somos da base, e em alguns momentos estamos bem, em outros, não. As queixas, quando ocorrem, normalmente são por alguma demanda não atendida. Demanda da comunidade, não de espaço ou cargos.
Diário – O senhor é o mais antigo da atual bancada de médicos da Câmara. Ser médico dá voto?
Ovídio – Na primeira eleição, o PP fazia uma lista dos candidatos. E eu fui colocado na lista, já cheguei como pré-candidato. Não fiz campanha e me elegi três vezes. Entendo que um político deve estar sempre em campanha, de forma permanente, mas eu não peço voto. E também não misturo a medicina com a política. Já fui candidato a vice-prefeito, a deputado estadual e a deputado federal. Atualmente, com mudanças ocorridas na bancada federal, como a eleição de um deputado e a ida de outro para o governo, sou segundo suplente de deputado federal do PTB.
Diário – Como membro da Comissão de Saúde da Câmara, quais são os problemas específicos de sua área, que é traumatologia e ortopedia, em Santa Maria?
Ovidio – Na área de traumatologia, que atende a parte de fraturas, vejo bem. Qualquer pessoa que se quebrar, vai para a UPA e é encaminhada para o Hospital Universitário. Se é um paciente conveniado ou particular, vai para o Hospital de Caridade ou para a Unimed. Existe uma certa demora no atendimento a fraturados na rede pública, mas não é culpa do médico, o médico sempre quer resolver o problema do paciente com a maior brevidade possível, e no caso de fraturas, os melhores resultados ocorrem dentro das primeiras 48 horas. O grande problema é a ortopedia, que não tem o mesmo tipo de atendimento na rede pública para quem tiver uma hérnia de disco ou rompimento de menisco, por exemplo.